segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Carta do Padre Manuel a comunicar o falecimento do Padre Cândido aos irmãos

carta de P. Manuel Mendes a seus irmãos


“Baturité, 17-XII-1943. Venho cumprir o doloroso dever de vos participar que o nosso querido irmão mais velho o Padre Cândido faleceu ontem, do seu incómodo de coração. Setenta anos menos um mês era a sua idade.
Seus incómodos agravaram-se desde 10 de Agosto e não mais teve boa saúde. Consultou então em Fortaleza um médico especialista e sumidade em doenças de coração e depois de ter tirada a radiografia e feitos os exames, este médico disse que o seu caso era perdido. Tão dilatado tinha o coração que o mais que lhe podia fazer era proporcionar-lhe meios para prolongar a sua vida por mais algum tempo. Assim foi. Aplicou os remédios e melhorou um pouco.
Passado algum tempo voltou-lhe terrível falta de respiração com o congestionamento do pulmão. Persuadiu-se que ia morrer e dizia que nunca julgara que a morte fosse tão tormentosa, por motivo de falta de ar.

O P. Cândido era muito estimado e rezou-se, muito, muito, em nossas casas e por esses conventos de boas religiosas até ao Rio de Janeiro. Nosso Senhor fez-lhe a graça de descongestionar o pulmão e voltou a respirar com mais facilidade. Preparava-se a morte mais suave.
Quando o médico fez constar que poderia morrer de um momento para o outro, pediu o Santo Viático, que todos os da casa acompanharam em procissão. Todos os dias eu lhe levava a Santa Comunhão e no dia da morte duas vezes lhe dei a santa absolvição. De joelhos pedi-lhe uma bênção para mim e para todos vós.

No dia da sua morte, me falou da morte do João. Nosso Cândido morreu com morte invejável e que eu desejo muito para mim. O carinho com que foi assistido de todos lhe proporcionou grande bem-estar. Prometeu lembrar-se de todos vós no céu”.

Ecos da Província de Portugal
nº 3-4. Julho-Agosto. 1944, p.59

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