sábado, 2 de março de 2019

As tradições equestres da família Azevedo Mendes


A arte de bem cavalgar virá de remotas gerações, mas do nosso patriarca Manoel Marcos Mendes não nos chegaram fotos a cavalo. Já de seu filho e herdeiro das lides agrícolas e comerciais temos foto dele, ainda jovem e solteiro, e montado no seu cavalo.
Como neto mais velho, eu tive o privilégio de o acompanhar algumas vezes em idas aos campos para supervisionar ranchos e parlamentar com capatazes. Cada um montado no seu cavalo, pachorrentamente a passo pois ele já não ousava trotes nem galopes. O Avô Cândido só desmontava no regresso a casa porque o montar e desmontar já o fazia com dificuldade.
Durante o passado século XX, o cavalo foi deixando de ser animal utilitário de tiro e cela para passar progressivamente a elemento de ostentação, recreio e desporto. As famílias ribatejanas abastadas faziam gala dos seus cavalos e os filhos destas famílias aprendiam a montar a preceito, mais para passeios de divertimento e caçadas do que para utilização do cavalo como meio de transporte no dia a dia.
Quando começou a perder-se a transmissão destes saberes de pais para filhos e gentes urbanas endinheiradas queriam aprender a cavalgar, começaram então a aparecer as escolas de equitação.
O nosso Tio Manel tinha fama de bom cavaleiro e foi com ele que eu aprendi alguma coisa desta arte de cavalgar. Ele levava os preceitos equestres muito a sério e era ríspido e exigente com os seus sobrinhos e filhos nesta aprendizagem. A minha, em tempos de férias nos Soudos, não foi especialmente gratificante como eu descrevo num texto de memórias intitulado “recordações equestres”.
Mas no tempo do nosso Avô Cândido na casa agrícola dos Soudos, para além dos cavalos também havia machos e mulas, animais tidos de 2ª categoria para montar, mas de grande utilidade para puxar carroças e galeras e ainda para movimentar as noras. E também havia os burros, animais polivalentes que fizeram parte da Casa Agrícola até quase final do século XX, e que se mostram em algumas fotografias que ilustram este texto.
Para finalizar, é interessante focar que a tradição equestre na nossa família não morreu. Filho e netos do Tio Manel mantêm-na e também netos do Tio João como se mostra nas fotografias: Dois netos do Tio Manel – o Zé Pedro e o   João    estão ligados profissionalmente a esta arte, assim como o Gugas, neto do Tio João.


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