quinta-feira, 9 de abril de 2020

Transcrição da auto biografia escrita pelo Dr. Carlos Azevedo Mendes provavelmente em 1957, quando termina as suas funções parlamentares (final da VI legislatura da Assembleia Ncional):



Carlos de Azevedo Mendes, filho de D. Teresa de Jesus de Azevedo e Manuel Marcos Mendes, os quais pela sua vida exemplar e virtuosa foram excepcionalmente considerados e      ????.
Nasceu nos Soudos, na freguesia do Paço, Concelho de Torres Novas em 2 de Julho de 1888.
Fez o curso lyceal nos colégios dos jesuítas, os dois primeiros anos em Guimarães no colégio da Santíssima Trindade e os restantes cinco em S. Fiel, onde foi Presidente da Congregação de Nossa Senhora.
Em Outubro de 1906 foi para Coimbra, matriculando-se na faculdade de Direito.
Aqui trabalhou durante cinco anos na sua formatura com toda a dedicação no C.A.D.C. Foi administrador da sua revista – Estudos Sociais.
Nos anos de luta para os Rapazes do C.A.D.C. – 1906/1911 – esteve sempre na brecha em todas as manifestações de intensa fé e dedicação que tanto nobilitaram a geração daquele tempo. Em especial é de recordar a ação pela boa imprensa. Chegaram a ler-se em Coimbra 150 jornais – O Portugal – o único católico que em Lisboa se publicava e foram muitos os milhares de folhas soltas que distribuíram.
A peregrinação à capela de Nossa Senhora de Lourdes na      ?????   Carregosa do Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo de Coimbra, D. Manuel de Bastos Pina, ficou célebre pelo desassombro e manifestação dos Rapazes. E foi também um acto de justiça e sentida homenagem àquele grande prelado, que tão dedicadamente e generosamente auxiliava o C.A.D.C.
Em 1910 foi eleito presidente do C.A.D.C. período de lutas grandiosas e gloriosas. As reuniões semanais eram um suporte admirável da vida de aço e luta daqueles tempos. E tal era a sua projecção que a demagogia, depois do 5 de Outubro de 1910, à sombra e defendida pela polícia, assaltou a sede, escavacando todo o mobiliário, que tanto custara a juntar. Mas para tanto foi preciso que as entradas na rua fossem previamente tomadas pela polícia, para que os Rapazes não pudessem ir defender o que lhes pertencia.
A acção dos Rapazes e do então presidente do C.A.D.C. não diminuiu com a perseguição. Pelo contrário. Na noite seguinte debaixo das portas das casas de Coimbra ficou um manifesto violento, nobre e aguerrido.
E foi o período da mais intensa propaganda da boa imprensa.
No dia 1º de Dezembro – a grande festa da Imaculata – apesar da manhã de horrível tempestade, ninguém faltou. A Igreja de S. Salvador encheu-se pela primeira vez um grande grupo de Académicos se abeirou da Sagrada Eucaristia. Passaram de 80.

Em 1911 depois da formatura instalou-se em Torres Novas.
O meio então era francamente adverso à Igreja. Havia um grupo de párochos, verdadeiros apóstolos. Em todas as lutas e perseguições esteve sempre ao lado deles, mostrando os seus sentimentos cristãos.
Teve também a sua acção política, pondo porém acima de tudo os princípios da Igreja. E nas reuniões pré-eleitorais exigia dos candidatos a expressa declaração da defesa dos princípios básicos do Centro Católico; de que era presidente da Comissão Concelhia.
Foi mesmo proposto para Senador pelo Centro, mas como acima de tudo interessava a candidatura a Deputado também pouco perdeu o lugar no Senado…
No Congresso do Centro Católico reunido na sociedade de Geografia  foi o seu Secretário Geral.
Esteve Presidente da Câmara durante 15 anos. Realizou-se neste período, em Torres Novas, o primeiro Congresso Eucarístico do Patriarcado. Foi uma grandiosa e imponente manifestação de Fé e de amor à Eucaristia.  Sua Ex.a  Rev.ma o Senhor Bispo de Vatarba, D. João de Campos Neves, dizia que começava os Congressos Eucaristicos por Torres Novas, porque sabia que com o presidente da sua Câmara podia contar em tudo e para tudo.
À Igreja entregou todos os bens que tinham sido arrolados após a malfadada Lei da Separação e quantas vezes teve de fechar os olhos para que a entrega se pudesse realizar. Durante todo esse período a Igreja teve na presidência da câmara todas a facilidades e todo o auxílio para o seu natural e devido prestígio.
E os Párochos tiveram sempre as portas abertas. As duas passagens de Nossa Senhora de Fátima pela Vila marcaram pelo excepcional aparato e grandiosa homenagem de amor à Mãe do Céu.
Provedor da Santa Casa da Misericórdia desde 1918, fez reviver todas as suas tradições cristãs. Deu o maior desenvolvimento ao Hospital, abriu um asilo de velhos e de raparigas, assim como uma sopa aos pobres e um Centro Social. Tudo sob a direção das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras. Estes sectores de assistência têm cuidada assistência religiosa.
Vicentino desde os tempos da universidade e presidente do Concelho Particular e organizou a primeira peregrinação vicentina a Fátima.

Foi sob a sua acção que depois da perseguição de 1910 se organizaram em Portugal os primeiros Exercícios Espirituais.
Foi na sua aldeia, em Soudos, em casa do falecido Arcebispo de Évora, D. Manuel Mendes da Conceição Santos, que durante alguns anos organizou turnos de Exercícios, frequentados pela elite católica daqueles tempos.

A Fátima foi a primeira vez em 7 de Setembro de 1917. As conversas com os três videntes entusiasmaram-no. Voltou no dia 13. A atitude de Lúcia, neste dia, chorando e pedindo que a deixassem, trouxe-lhe o desânimo e quasi a convicção de que tudo aquilo seria uma mistificação. Voltou porém a 13 de Outubro. Ouviu a Lúcia, no meio do seu recolhimento, dizer para olharem para o Sol que a Senhora ia manifestar-se. Viu o Sol rodando. Depois a Lúcia no seu ombro pregar com entusiasmo vibrante e pela primeira vez a Mensagem de Fátima e ficou então apóstolo de Fátima.
O que foi depois a sua acção nos dias 13 em Fátima, organizando, acarinhando os doentes e sempre pronto, é bem conhecido por Portugal além para não ser preciso lembrá-la.
Na Câmara Corporativa, na Assembleia Nacional procurou sempre defender a Igreja e afirmar os seus princípios cristãos.

Na sessão de encerramento do Congresso Eucarístico Internacional em Rio de Janeiro falou em representação de Portugal.

Na sua paróquia procura sempre dedicadamente servir a Igreja e o seu Párocho.

Há muitos anos dirige “O Almonda” jornal local que pertence à Igreja, e cuja benéfica no meio é muito notável.

Da sua dedicação à Igreja, ao Santo Padre e aos seus Prelados, estes poderão dar o melhor testemunho


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