quarta-feira, 29 de março de 2023
Falecimento da Dicky
Faleceu há dois dias na cidade do Cabo, África do Sul, a esposa do nosso primo Manuel Castelo Branco Azevedo Mendes. Para ele e para os filhos vão os nossos sentidos pêsames.
segunda-feira, 27 de março de 2023
Três gerações de associadas
Da Associação dos Amigos da Cerca - Soudos
Antes de se iniciar a Assembleia Geral de 25 de Março (data aniversária do falecido "Mano Velho" Fernando
domingo, 19 de março de 2023
sábado, 18 de março de 2023
sexta-feira, 17 de março de 2023
quinta-feira, 16 de março de 2023
quarta-feira, 15 de março de 2023
terça-feira, 14 de março de 2023
sábado, 11 de março de 2023
sexta-feira, 10 de março de 2023
Biografias dos sete filhos de Victória Sirgado Azevedo Mendes, por ela manuscritas
Começarei amanhã a publicar estas folhinhas manuscritas pela minha Avó, folhinhas guardadas pela sua neta Marta
quarta-feira, 8 de março de 2023
terça-feira, 7 de março de 2023
Continuação do último adeus ao "Mano Velho" João
Alteração: O Corpo só vai para a Igreja de Nossa Senhora da Conceição nos Olivais às 16 h.
Informação : Haverá missa a seguir às 19 horas
segunda-feira, 6 de março de 2023
Adeus ao último "MANO VELHO"
Um a um, foram-se despedindo de nós os "MANOS VELHOS" da Casa Azevedo Mendes dos Soudos. Chegou hoje o dia do último dos sete se despedir.
De seu nome João Maria, Presidente honorário da Mesa da Assembleia Geral da nossa Associação.
Deixou-nos hoje um grande coração, um homem bom e que sempre nos recebia com um sorriso e que sempre nos incentivou a prosseguir os nossos projectos associativos.
À Tia Eduarda, aos seus filhos, aos seus netos e aos seus bisnetos ficam aqui escritos os nossos sentidos pêsames . Acompanhamo-los na sua dor e tristeza mas repleta de boas memórias.
A todos que quiserem prestar homenagem ao "Mano Velho João" poderão fazê-lo na Igreja dos Olivais amanhã a partir das 15 h e também na quarta-feira de manhã.
O mais velhos dos seus muitos sobrinhos
Manel
domingo, 5 de março de 2023
Desafio
Depois da publicação durante estes últimos dias de textos respigados do meu carderno de memórias, convido os meus primos a enviarem-me textos de memórias e de outros acontecimentos e que tenham gosto em partilhar. Lembro que este blog está aberto à leitura de toda e qualquer pessoa que tenha acesso ao seu indicativo:amigosdacerca.blogspot.com
O "Há-de vir e o Agora"
Soudos, 14 de Março de 2014 (Sentado nas escadas da varanda da Casa dos meus Avós e apanhando Sol da Primavera)
Vale a pena confrontarmo-nos com outras filosofias orientais que não vivem do
“há-de vir” mas do “agora”.
Viver calma e plenamente o “agora” em vez de enfatizar o desassossego pelo que
“há-de vir” (lema tão querido e apregoado pelo guru Chopra , ele mesmo de origem oriental embora americano).
Este desassossego que criou gerações de ofegantes stressados, sempre obsecados pela conquista dum amanhã mais rico (o que não quer dizer melhor).
Agora, que tive a sorte de desembocar no estatuto de reformado, sem os repetidos e cheios horários profissionais a cumprir, vale a pena ter em atenção esta postura.
Não cair no vácuo deprimente da desesperança do amanhã (o que já me aconteceu)
Nem num novo stress de muitas ocupações como que a tapar buracos de vazios (o que espero que não me aconteça).
Em vez desses extremos – poucas, vividas e (se possível) partilhadas ocupações
para fruir calma serena e plenamente.
sábado, 4 de março de 2023
Oa meus medos
40. Os meus medos Lisboa, 27 de Junho de 2008
Terrores de infância (coisas sem importância) mas que envenenam a vida de uma criança e que podem minar os alicerces de alguma segurança para o resto da vida.
Julgo que foi o que me aconteceu: menino aflito ansioso e inseguro, irremediavelmente atingido pela permatura ausência de sua mãe, fiquei encurralado nos meus recorrentes medos e aflições.
Lembro aquelas esperas no colégio infantil, incapaz de me entreter com o que quer que fosse para além de me deixar roer por dentro por estragadoras ânsias e tudo por causa de atrasos do meu pai retido nos seus afazeres profissionais.
Depois eram aquelas posturas ansiosas no banco trazeiro do Citroen “arrastadeira”, unhas cravadas nos topos dos bancos da frente e a imaginação sempre aflita a adivinhar um potencial acidente (coisa que para mim parecia sempre iminente).
Lembro de escutar aterrado as conversas de adultos preocupados com o evoluir da guerra da Coreia e com possibilidade dela descambar numa 3ª guerra mundial ; sobre o avanço soviético, à força de blindados, incursões nos paizes limitrofes (depois transformados em paizes satélites) e ainda os relatos sobre a aristocrática familia Pape, refugiada da Austria ou da Hungria. Faltavam ainda as terríveis revelações sobre os Gulags soviéticos mas estas só chegaram mais tarde.
A ajudar a este caldo de aflições vinham ainda as terríveis conjecturas sobre o 3º segredo de Fátima: qual seria a próxima desgraça apocaliptica que estaria para desabar em breve em cima das nossas cabeças? Seria mesmo o eclodir da 3ª guerra mundial? Ou seria uma catástrofe natural a nível global?
Cresci e tentei arumar todo este material estragador de vida mas ele está lá
pronto para desencadear novos episódios ansiosos e fazer de amplificador das ânsias e dos medos que nos atacam todos os dias.
sexta-feira, 3 de março de 2023
Lembranças meio poeticas
33. Lembranças (re-escrito em Dezembro de 2005 sobre
tema idêntico escrito em Outubro de 1989)
Lembro aquele espaço imenso onde desagua a memória da minha infância
triste e solitária;
Sofro as imagens dos meus avós nas suas inexoráveis velhices;
Compadeço-me de tanto tempo desperdiçado,
mortalmente chato, monótono e desinteressante;
Exalto pequenos episódios de ternuras, abraços e carícias
que salvam um mar de solidão e afastamento.
Soudos recordações equestres
Lisboa, 16/08/2000
Mal sabia andar já me levavam à garupa dos seus altaneiros cavalos.
Entalado entre a sela e o pescoço do animal, fustigado pelas crinas e atacado pelo mosquedo, aguentava a provação no meio de muitos incitamentos.
Não foi gostosa a aprendizagem da arte equestre nem fui longe nas lides com cavalos. Poucas foram as quedas mesmo naquelas primeiras experiências de montar sòzinho quando ainda não tinha comprimento de pernas para chegar aos estribos. Lembro-me contudo dum episódio caricato ocorrido numa das muitas saídas matinais acompanhando meu tio Manuel para uma vistoria a um rancho ocupado na apanha do figo. Montava um dócil animal, mas mesmo assim ainda o conduzia inseguro e não consegui evitar que ele se enfiasse debaixo de uma figueira. Passou com a garupa rente a um grosso ramo onde eu fiquei abraçado e pendurado para irritação do meu tio que me viu sujeito à humilhação duma risada geral do pessoal do rancho. Mas na adolescência quando ganhei algum domínio e à vontade com estes animais pude fruir inesquecíveis cavalgadas solitárias por recônditas veredas campestres; incursões até aos contrafortes da Serra d’Aire a Poente e, no sentido contrário, até ao vale do Rio Nabão a Nascente.
Algumas vezes me aventurei até Tomar utilizando caminhos secundários que encurtavam bastante a distância. Deixava o animal num estábulo à entrada da cidade e percorria a pé as ruas tratando de pequenas incumbências.
O Avô que fizera vezes sem conto esta viagem a cavalo na sua juventude quase me ralhou quando eu lhe contei que deixava o animal às portas da cidade em vez de aproveitar para me pavonear pelas ruas cavalgando a preceito. Esquecia-se que desde o seu tempo de menino e moço até ao meu, passara mais de meio século e então já não era prático nem seguro circular a cavalo na cidade. Estou a falar do início da década de sessenta, altura em que a circulação automóvel ainda não era caótica como hoje. Passear a cavalo no meio da cidade já não era comum, embora ainda houvesse muita carroça e alguns asnos e mulas a circular, mas o que entristecia o meu Avô era o facto de eu não ter nascido com vocação de marialva e de não tirar partido de tão belas oportunidades para dar nas vistas às meninas da cidade.
quinta-feira, 2 de março de 2023
Soudos - recordações
19. SOUDOS - Recordações dos seus ofícios artesanais
(escrito em Abril de 1999)
É uma aldeia do interior ribatejano, bastante mais perto do mar do que da raia espanhola. Mas entre o mar e a aldeia eleva-se a Serra d’Aire pequena, mas barreira bastante para muitas das humidades atlânticas. Assim o clima é seco com Invernos frios e Verões com calores de rachar. Os poços dão para regar umas pequenas hortas e pomares. Para beber, a maioria das casas tinham as suas cisternas que recolhiam dos telhados as águas das poucas chuvas. É uma espécie de Algarve sem mar com figueiras e amendoeiras mas também com muitas oliveiras e algumas cerejeiras.
A energia eléctrica pública chegou já eu era menino espigado e a água canalizada pública só uns trinta anos depois. Instalaram recentemente uma central de bombagem ao lado do cemitério que puxa água do Castelo do Bode e a distribui pelas aldeias da região. Mas a chegada destas infra-estruturas do chamado progresso não foram suficientes para reanimar a economia rural em franca recessão.
Os múltiplos ofícios artesanais que animavam económica e socialmente a aldeia foram fechando uns atrás dos outros por falta de clientes ou por velhice e incapacidade dos seus donos. Assim, a pequena comunidade rural quase auto-suficiente transformou-se num incaracterístico dormitório de gentes que trabalham nas vilas e cidades mais póximas.
- Lembro o funileiro que soldava a lata e que fabricava e reparava múltiplos utensílios ( em Tomar ainda se mantem esta actividade tradicional que continua a ter saída mas mais como artesanato turístico);
- Lembro o ferrador que punha as ferraduras em brasa na sua forja a carvão e depois as cravava nos cascos das cavalgaduras que para o efeito eram imobilizadas numas giolas de madeira e obrigadas a levantar à vez cada uma das patas;
- Lembro a oficina metalúrgica onde se reparavam as alfaias agrícolas e se fabricavam noras de elevação de água movidas pela força de obedientes mulas ou problemáticos gericos;
- Lembro ainda uma oficina de tanoeiro onde já labutavam vários artífices e que fabricava barris que eram expedidos para as diversas regiões do país produtoras de vinho;
- Lembro também as várias destilarias que fabricavam aguardente a partir do figo seco da região e as diversas adegas que iam produzindo vinho para consumo próprio ou para as tabernas das redondezas;
- Lembro o lagar de azeite construído pelo meu Avô onde havia um luxo dum gerador eléctrico que nos alumiava nas noites de Inverno (só no final da década de 50 é que as velas e candeeiros ficaram sem préstimo com a chegada da iluminação pública a que já fiz referência);
- Lembro um improvisado matadouro de suínos que todas as semanas nos brindava com altas berrarias dos bichos antes de serem esfaquiados;
- Lembro por (e muitas outras coisas ficarão por lembrar) o quotidiano trabalho do padeiro local com o seu forno a lenha que exalava pela aldeia um gostoso cheiro a pão acabado de cozer.
(acrescento de Abril de 2004)
Não quero com estas recordações esquecer a vida dura e miserável que levavam a maioria das gentes que não tinham outros recursos para além dos seus braços e que trabalhavam de Sol a Sol nas fazendas, adegas, destilarias e lagares, quando era tempo disso, dos proprietários agrícolas da terra.
Não quero esquecer a praga do alcoolismo que corroía a incipiente vida social que se gerava à volta das tabernas.
Não quero também esquecer o frio que se rapava no Inverno, o calor que se suava no Verão e a fome que às vezes batia à porta dos desafortunados pela doença e pela desorientação da bebedeira
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